segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Carta dos professores do Liceu de Braga em 1880


enviando um donativo para a estátua ao botânico Avelar Brotero

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Hacksaw live @ Braga 31.05.08

A Cidade e as Serras - Eça de Queiroz

"-Que casarão é aquele, além no outeiro, com a torre?
Eu não sabia. Algum solar de fidalgote do Douro... Tormes era nesse feitio atarracado e maciço. Casa de séculos e para séculos - mas sem torre.
-E logo se vê, da estação, Tormes?...
-Não! Muito no alto, numa prega da serra, entre arvoredo.
No meu Príncipe já evidentemente nascera uma curiosidade ela sua rude casa ancestral. Mirava o relógio, impaciente. Ainda trinta minutos! Depois, sorvendo o ar e a luz, murmurava, no primeiro encanto de iniciado:
-Que doçura, que paz...
-Três horas e meia, estamos a chegar, Jacinto!
Guardei o meu velho Jornal do Comércio dentro do bolso do paletó, que deitei sobre o braço; - e ambos em pé, às janelas, esperamos com alvoroço a pequenina Estação de Tormes, termo ditoso das nossas provações. Ela apareceu enfim, clara e simples, à beira do rio, entre rochas, com os seus vistosos girassóis enchendo um jardinzinho breve, as duas altas figueiras assombreando o pátio, e pôr trás a serra coberta de velho e denso arvoredo... Logo na plataforma avistei com gosto a imensa barriga, as bochechas menineiras do chefe da Estação, o louro Pimenta, meu condiscípulo em Retórica, no Liceu de Braga. Os cavalos decerto esperavam, à sombra, sob as figueiras.
Mal o trem parou para mim com amizade:
-Viva o amigo Zé Fernandes!
-Ó belo Pimentão!...
Apresentei o senhor de Tormes. E imediatamente:
-Ouve lá, Pimentinha... Não está aí o Silvério?
-Não... O Silvério há quase dois meses que partiu para Castelo de Vide, ver a mãe que apanhou uma cornada dum boi!"

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

sábado, 10 de janeiro de 2009

Catálogo do Laboratório de Física do liceu Rodrigues de Freitas -1916

Organizado pelo Prof. Álvaro Machado

Exames e Provas específicas - 1942

Catálogo de aparelhos de projecção - 1910

Universal Projektions-Apparat, nach Dr. Berghoff, Ed. Liesegand, Dusseldirf, 1910

Catálogo de material didáctico - 1923

"Catalogue des modèles d`anatomie humaine, d`anatomie comparée, d`anatomie végétal" da empresa " Les fils d`Émile Deyrolle", de Paris, 1923

sábado, 3 de janeiro de 2009

ESCOLA SECUNDÁRIA DE SÁ DE MIRANDA – BREVE HISTÓRIA

ESCOLA SECUNDÁRIA DE SÁ DE MIRANDA – BREVE HISTÓRIA
António Antão
A Escola Secundária de Sá de Miranda é, presentemente, uma instituição de ensino público, herdeira do secular Liceu de Braga.
De 1836 a 1845 - O Liceu no Seminário de S. Pedro
O Liceu de Braga foi criado por Passos Manuel, em 1836, reinava D. Maria II, por decreto de 17 de Novembro que, no âmbito da Reforma da Instrução Pública preconizada pela política setembrista, criava um Liceu Nacional em cada capital de Distrito, na metrópole, mais quatro na ilhas adjacentes.
Dificuldades políticas do tempo só permitiram que apenas em 1848 o Liceu de Braga entrasse em funcionamento. Porém entre 1840 e 1845 as aulas do Liceu já funcionaram em espaços do Seminário de S. Pedro situado no Campo da Vinha, graças à intervenção do arcebispo D. Pedro Paulo Figueiredo da Cunha e Melo que cedeu temporariamente aquelas instalações.
De 1845 a 1920/21 - O Liceu no Convento da Congregação do Oratório
Por carta de lei de 13 de Julho de 1841, o convento da extinta congregação do Oratório, no campo de Santana, actual Avenida Central, foi destinado para sede do Liceu Nacional de Braga que aí passou a funcionar a partir de 11 de Julho de 1845 até ao ano lectivo de 1921-22.
É nesta data que começa verdadeiramente a história do Liceu.
Os alunos eram poucos e apenas havia três salas de aula, a secretaria e o gabinete do reitor. O pessoal também era reduzido, existindo, além do reitor, um secretário e quatro professores. A criação de um lugar de contínuo só viria a ser proposta em 1851.
As instalações seriam alargadas a partir de 1847, com a deslocação de uma escola particular de ensino mútuo, que funcionava nas mesmas instalações do Liceu, para outro local.
Em 1848, o número de alunos já atingia os 320. Havia ainda muitos alunos apenas ouvintes por não cumprimento dos prazos de matrícula. Tratava-se de alunos provenientes de toda a arquidiocese de Braga que, ao tempo, ia desde o Alto Minho à bacia do Ave e desde a orla marítima até à raia espanhola.
As disciplinas mais frequentadas eram a Filosofia e o Latim dado que grande parte dos alunos eram seminaristas. A disciplina menos pretendida era o Inglês.
Muitas foram as dificuldades para o Liceu funcionar nesta altura. Repare-se que o início do seu pleno funcionamento coincidiu com os levantamentos populares da Maria da Fonte e da Patuleia que puseram em alvoroço todo o Minho e Alto Douro. Mas as dificuldades iriam continuar, solucionados os problemas políticos do tempo, devido a problemas logísticos, como o da porta principal que servia também a Biblioteca Pública e a Igreja dos Congregados; o crescente acanhamento do espaço; o permanente toque dos sinos da igreja; o difícil fornecimento de água, ou a problemas gerados pelo poder público como as tentativas, em 1850 e 1852, de a Câmara construir um teatro e outras obras na cerca; renhidas lutas entre o conselho do Liceu e a direcção da Biblioteca; a permanente falta de fundos; o aquartelamento, ainda que provisório, em 1852, de oficiais militares destacados na cidade; a tentativa de ocupação de parte do edifício pelos serviços
municipais e outra instituições públicas, em 1864. Toda esta conjuntura levava a frequentes e prolongadas interrupções das actividades escolares, desacreditando a instituição.
Durante os setenta seis anos em que funcionou no convento da congregação do Oratório, o Liceu Nacional de Braga viu o seu nome alterado por duas vezes. Em 1896, por decreto de 16 de Setembro, é elevado à categoria de liceu nacional central, até então reservada apenas às escolas de Lisboa, Porto e Coimbra, passando a chamar-se Liceu Nacional Central de Braga e a partir de 27 de Abril de 1912 dignificava-se a escola de Braga com o nome do ilustre humanista Sá de Miranda, passando a chamar-se Liceu Nacional Central de Sá de Miranda, honrando-se, reciprocamente, o nome do poeta do Neiva que viu os últimos raios de sol na quinta da Tapada, em Fiscal, não muito longe da cidade.
A partir 1921/22 a 25 de Abril de 1974 - O Liceu no antigo colégio do Espírito Santo
A partir do ano lectivo de 1921/22, o liceu passou a funcionar nas actuais instalações que tinham sido um colégio da congregação do Espírito Santo.
O edifício viu iniciar-se a sua construção no ano de 1877, por iniciativa do superior e director da congregação em Portugal, José Eigenman, um sacerdote oriundo da Suíça, e constituía a primeira casa da congregação em Portugal. Funcionou este colégio até 5 de Outubro de 1910, altura em que foi implantada a República.
Com a vitória republicana, a Congregação do Espírito Santo foi expulsa do país e foram nacionalizados os seus bens, tendo sido canceladas as matrículas, logo no ano lectivo de 1910/1911.
Dez anos depois da mudança de regime e perante o aumento da frequência escolar, sob impulso da política republicana, o antigo colégio do Espírito Santo era um local adequado para a instalação do Liceu, o que veio a confirmar-se após algumas obras.(1)
Durante o Estado Novo viu o seu nome simplificado para Liceu Nacional de Braga e, posteriormente, para Liceu Nacional de Sá de Miranda.
Durante este período o edifício foi acrescentado com novas instalações para dar resposta à crescente afluência de discentes que continuavam a provir de toda a região Norte. O Liceu Sá de Miranda reforçava a sua afirmação como um dos maiores Liceus Nacionais e caminhava para a sua definição como Liceu histórico que hoje é. A comprová-lo está o facto de, na actualidade, muitos serem os vultos da cultura, da administração e serviços ou da vida empresarial desta cidade, incluindo mesmo relevantes figuras da cena nacional, que passaram pelas velhas carteiras do Sá de Miranda conforme consta do seu rico arquivo documental.
De 1974 aos nossos dias - A Escola Secundária de Sá de Miranda
A Revolução política de Abril de 1974 não podia deixar de passar também pelo domínio da Educação.
Passados os conturbados tempos do processo revolucionário, aqui intensamente vividos em conformidade com vivência a qualidade da formação política de muitos alunos, grandes transformações se operaram, quer na estrutura dos cursos, quer nos objectivos da formação dos alunos e consequentes práticas pedagógicas.
Acabou a velha e polémica dicotomia entre Liceus e Escolas Comerciais e Industriais, assente na função conservadora da divisão social do trabalho, e enveredou-se pela unificação das estruturas dos cursos liceais e técnicos; a escolaridade obrigatória e gratuita foi alargada até ao 9.º Ano; intensificou-se a
formação de novos professores ... o Estado reconhecia e garantia a todos os cidadãos o direito ao ensino e à igualdade de oportunidades na formação escolar, o ensino em Portugal entrava verdadeiramente na senda da sua democratização. O velho Liceu de Sá de Miranda chegava ao seu fim e nascia a Escola Secundária de Sá de Miranda. A direcção da escola deixou de ser exercida por reitores nomeados pela tutela que deram o seu lugar aos Conselhos Directivos eleitos em processos democráticos pelo corpo docente.
Verificou-se uma verdadeira explosão demográfica na frequência e o aumento correspondente dos quadros docente, administrativo e auxiliar. O espaço físico, que já era grande, tornou-se insuficiente. Nos inícios dos anos oitenta, foi edificado um conjunto de pavilhões pré-fabricados com carácter provisório, mas que acabaram por se tornar definitivos e a escola teve de passar ainda a funcionar em três turnos (manhã, tarde e noite) com ocupação integral de todas as áreas disponíveis.
Nos últimos anos, com a abertura de novas escolas básicas e secundárias na área urbana e periferia da cidade, a tendência é para a Escola Secundária de Sá de Miranda passar a oferecer aos alunos apenas cursos do ensino secundário.
Nesta data
No corrente ano lectivo, materializa-se uma profunda transformação na organização da administração e gestão da Educação, baseada na descentralização e no desenvolvimento da autonomia das escolas. Trata-se de profundas alterações introduzidas por um novo regime de Autonomia, Administração e Gestão dos estabelecimentos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, tão profundas que nos permitem considerar que estamos perante as maiores transformações vividas no sistema educativo desde a restauração da democracia em Abril de 1974.
Pretende-se valorizar a identidade de cada instituição escolar, materializada no seu Projecto Educativo e na sua organização pedagógica flexível, no sentido de assegurar a qualidade do serviço público de educação. É neste processo renovador que se insere o presente Regulamento Interno e o grande objectivo que norteia a sua elaboração: orientar o regime de funcionamento da escola, de cada um dos seus órgãos de administração e gestão, das estruturas de orientação e dos serviços de apoio educativo.(2)
(1) Segundo Franquelim Neiva Soares, "Origens e Evolução do Liceu Nacional de Braga - Dados provisórios", in 1836/1986, Lyceu Nacional de Braga - Escola Secundária Sá de Miranda, publicação comemorativa dos 150 anos da instituição.
(2) Segundo Contributos para Elaboração do 1.º Regulamento Interno da Escola, ME, Lisboa, Setembro de 1998